Quem pensa que o turismo no Rio de Janeiro é baseado apenas nas praias, está perdendo a oportunidade de conhecer as belezas da serra fluminense.
A cerca de 120km da capital, situada no Vale do Paraíba, está o Vale do Café. Nas cidades que compõem o vale, existem mais de 30 fazendas históricas que contam uma boa parte do período do Brasil Império.
O Vale do Café, no século XIX, foi responsável por 75% de todo o café consumido no mundo. Vassouras, na época, foi o centro de produção e comercialização do grão, o ouro brasileiro.
Em 1870, devido a escassez do solo e a produção baseada na mão de obra escrava, todo o progresso começou a declinar. Muitos fazendeiros acabaram se mudando das regiões e muitos até faliram.
A região mais tarde foi desenvolvida pelo manejo do gado leiteiro e agricultura, principalmente. Com o tempo e todo seu potencial turístico, as cidades começaram a investir no turismo histórico-cultural, com a visitação das fazendas e até hospedagens, nas casas onde antes moravam os barões, baronesas, princesas e reis do país.
Neste post, indicamos algumas fazendas que você deve conhecer no Vale do Café, nas cidades de Valença, Barra do Piraí, Vassouras e distrito de Conservatória. No roteiro pelo vale, é recomendado fazer os passeios de carro, já que as fazendas ficam muito próximas umas das outras.
Muitos turistas optam por escolher um hotel para sua estada, e no período de folga, visitar a cada dia as demais fazendas e pontos turísticos naturais, da serra carioca.
Valença
Em Valença, a dica é conhecer duas fazendas: a São Fernando e Vista Alegre.
O local foi fundado em 1804, por membros da família Fortes Bustamante, senhora de diversas terras no Vale do Rio Preto, tais como as vizinhas fazendas Santa Clara e São José. A economia local foi estruturada com base no trabalho escravo, prática adotada sistematicamente no processo de colonização desde o século XVI e devidamente condenada na segunda metade do século XIX.
No período do café, a fazenda era uma das maiores e mais bem equipadas da região: além da casa-sede construída no melhor estilo colonial e de toda a estrutura criada para a produção do café, contava ainda com diversas edificações como um alambique para fabricação de cachaça.
Atualmente, a fazenda terceiriza ativos como terras, casas, indústria e galpões, com a intenção de manter a produtividade, desenvolvimento social, ambiental e econômico. Além disso, o casarão recebe turistas para hospedagem, ainda com os móveis e decoração do período do Brasil Império.
Fazenda Vista Alegre
A fazenda é muito conhecida pela sua arquitetura e jardins. Além disso, já serviu de cenário para vários filmes e novelas, como Salomé, A Viagem e o Especial Xuxa 10 anos.
Mesmo dedicada à produção de café, na época do Império, havia espaço para o aprendizado de música, teatro e religião. Ao mesmo tempo, no local existiu a primeira escola a alfabetizar filhos de escravos e crianças pobres da região.
Nos tempos de ouro do ciclo do café, a fazenda recebeu as visitas de membros da família real, assim como do Conde d’Eu. Atualmente, a Vista Alegre recebe visitas históricas guiadas, eventos sociais e culturais, assim como hospedagem em sua sede.
Fazenda Santa Clara
A fazenda fica na divisa entre Valença (RJ) e Santa Rita de Jacutinga (MG) e é a segunda maior fazenda do período do Ouro e Café do Brasil.
É muito famosa por seu tamanho, pois possui 6 mil m². Além disso, tem 365 janelas que representam cada dia do ano, 52 quartos representando as semanas e 12 salões, que representam os meses. Também possui uma capela, dedicada à Santa Clara, e tem missas celebradas a cada 60 dias.
O local também ganhou destaque, por ser escolhido para as filmagens da novela Terra Nostra e da minissérie Abolição, ambas da Rede Globo.
O local que foi construído no final do século XVIII, ainda conserva os seus traços originais. Hoje, recebe visitantes de diversos lugares do país e do mundo. As visitas são guiadas e são recheadas de histórias do período imperial do país.
Conservatória
Em Conservatória, vale a pena o passeio pela Fazenda Florença. Ela foi fundada em 1852, pela família Teixeira Leite, de origem portuguesa. Estes, que foram atraídas pelo ouro negro brasileiro e se estenderam por outras cidades da serra fluminense.
Até hoje, a estrutura imponente do casarão se mantém preservada, e isso inspirou os atuais donos do espaço, a fazer saraus. Neles, personagens do período do Brasil Império contam aos visitantes a história do período do café, no século XIX.
Além disso, na visita, os turistas podem aproveitar para experimentar a rica gastronomia da região. Para as visitas na fazenda, é preciso fazer um agendamento prévio.
Barra do Piraí
Em Barra do Piraí, é essencial conhecer as fazendas: Arvoredo, São João da Prosperidade e Aliança.
Fazenda Arvoredo
O território onde atualmente fica a Fazenda Arvoredo, foi doado pelo Príncipe D. João em 1818, ao Barão de Mambucaba, com o objetivo de desenvolver o plantio do café.
Anos mais tarde, em 1836, ela passou a ser propriedade do Barão de Santa Maria. Por possuir muitas riquezas, o barão mandou construir uma sede mais luxuosa, que foi finalizada em 1858.
Após o período cafeeiro, por muitos anos a fazenda desenvolveu a pecuária, fazendo parte do ciclo do gado. A partir de 1991, o espaço se tornou um hotel fazenda e vem recebendo turistas de todo o país e exterior, em espaços que contam a história do Ciclo do Café.
Fazenda São João da Prosperidade
A fazenda que também fez parte do Ciclo da Café, tem sua história contada a partir de 1820. O primeiro dono da grande extensão de terras era Antônio Gonçalves de Morais, que contribui com o início do povoado da Barra do Piraí.
Atualmente, a casa tem 15 quartos, seis salões, um pátio interno (como de costume da arquitetura da época), cozinha e terreiro de café. São mais de 40 alqueires, que além de receber turistas, também é desenvolvido a pecuária e reflorestamento.
Nas visitas, que precisam ser agendadas, é possível conhecer a história, artesanato regional e a gastronomia local.
Fazenda Aliança
O local é conhecido e muito visitado pela sua arquitetura, a entrada do espaço tomado pelas palmeiras imperiais e também seu pomar centenário.
A fazenda hoje tem como sua principal atividade, a produção orgânica. E com isso, proporciona aos visitantes além de uma experiência ao seu passado histórico, um programa de vida saudável, a partir do consumo de frutas e hortaliças orgânicas.
A fazenda também só recebe visitas a partir de um agendamento prévio.
O Rio de Janeiro reserva boas surpresas ao turista, principalmente em seu interior. Conhecer a serra fluminense é a garantia de grandes experiências, sejam elas por meio do contato com a natureza, história ou gastronomia.
Gostou das dicas? Então aproveite para descobrir o que levar em uma viagem no campo.